Encontros – 12. o ano ▪ Noémia Jorge, Cecília Aguiar, Miguel Magalhães Contos “George”, Maria Judite de Carvalho “Famílias desavindas”, Mário de Carvalho.

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Encontros – 12. o ano ▪ Noémia Jorge, Cecília Aguiar, Miguel Magalhães Contos “George”, Maria Judite de Carvalho “Famílias desavindas”, Mário de Carvalho Síntese da unidade

Séc. XVII BARROCO Séc. XIX ROMANTISMO Contos: síntese da unidade ● Manual, p. 170 Friso cronológico Maria Judite de Carvalho ( ) “George” Mário de Carvalho (1944) “Famílias desavinddas” IDADE MÉDIA Séc. XV-XVI RENASCIMENTO REALISMO Séc. XX MODERNISMO LITERATURA CONTEMPORÂNEA

“George”, Maria Judite de Carvalho “Famílias desavindas”, Mário de Carvalho Linguagem, estilo e estrutura Contos: síntese da unidade ● Manual, p. 170

Publicação de Seta Despedida, obra composta por doze contos, incluindo “George” “George” Contexto de produção Publicação do conto “George” na revista Colóquio Letras Contos: síntese da unidade ● Manual, p. 170 ● “George”, Maria Judite de Carvalho

Infância, em casa dos pais. Partida para a cidade. Sucessivas partidas e experiências amorosas. Início da ação REALIDADE George caminha pela Rua. IMAGINAÇÃO George é acompanhada por Gi (o seu passado). MEMÓRIA George recorda o seu passado, em Retrospetiva. IMAGINAÇÃO George dialoga com Gi Gi e George afastam-se MEMÓRIA George recorda o passado pela última vez, de forma fugaz. IMAGINAÇÃO George dialoga com Georgina (o seu futuro). Georgina Desaparece. George projeta-se no futuro. Êxito profissional. Partida para Amesterdão. Nova experiência amorosa. ANALEPSE Fim da ação Fio condutor da narrativa REALIDADE George viaja de comboio. Contos: síntese da unidade ● Manual, p. 170 ● “George”, Maria Judite de Carvalho

Estrutura do conto (organização narrativa) ↕ Diálogo entre realidade, memória e imaginação Contos: síntese da unidade ● Manual, p. 170 ● “George”, Maria Judite de Carvalho

Gi 18 anos As três idades da vida A complexidade da natureza humana George 45 anos Georgina Quase 70 anos Vestido claro e amplo. Olhos grandes e semicerrados. Boca fina. Cabelos escuros e lisos. Pescoço alto. Vestido claro e amplo. Mãos enrugadas. Cabelos pintados de acaju. Rosto pintado de vários tons de rosa. Ânsia de liberdade, descoberta e conhecimento. Recusa da vida que a sociedade espera da mulher (vida confinada ao casamento e à maternidade). Solidão, desamparo, exclusão. Em constante processo de fuga. Desvalorização das relações afetivas / desapego de objetos que tragam recordações. Consciência – da passagem do tempo e da efemeridade da vida; – da efemeridade do poder; – da importância dos laços afetivos. VIDA ADULTA Vida vazia, de solidão contida. Falsa completude existencial. JUVENTUDE Tentativa vã de fugir de si mesma e de esquecer o passado. VELHICE Sem esperança de futuro. Passado Presente Futuro Contos: síntese da unidade ● Manual, p. 170 ● “George”, Maria Judite de Carvalho

Gi 18 anos Metamorfoses da figura feminina George 45 anos Georgina Quase 70 anos Amadureci- mento Tédio Cansaço existencial Juventude Envelheci- mento Desenraizamento “desertificação” (desvalorização das relações afetivas) Ilusão Enraizamento familiar e afetivo Nível físicoNível psicológico Desengano Solidão Consciência da finitude Valorização das relações afetivas Nível social Gi Georgina Submissão ao modelo feminino imposto pela sociedade. Liberdade, rejeição de modelos. George (nome ambivalente – nome masculino estrangeiro / pseudónimo da pintora). Ignorância/desconhecimento.Conhecimento (viagens pelo mundo). Ficar (permanência na vila). Partir (viagens pelo mundo). Jovem sem expectativas profissionais. Pintora de renome a nível europeu. Pobreza. Simplicidade. Desvalorização da prosperidade, do sucesso profissional e da sofisticação ante a sociedade excludente. Sucesso profissional e prosperidade financeira. Glamour, sofisticação. Contos: síntese da unidade ● Manual, p. 170 ● “George”, Maria Judite de Carvalho

O estilo de Maria Judite não apresenta um sinal de rebusca ou uma palavra a mais. Pelo contrário: sugere, penetra, define, magoa, pela estrita economia das palavras, por uma admirável contenção […]. Distingue- se pela justeza inesperada do adjetivo, pela frase nominal, um adjetivo, um substantivo isolados, em foco, dando a ênfase emocional com uma febre lúcida. COELHO, Jacinto do Prado (1976). Ao Contrário de Penélope. Venda Nova: Bertrand, p. 278 [com supressões] Linguagem e estilo Voltar Contos: síntese da unidade ● Manual, p. 170 ● “George”, Maria Judite de Carvalho

“Famílias desavindas” Contexto de produção Publicação de Contos Vagabundos, obra que inclui o conto “Famílias desavindas” São dezassete os contos que Mário de Carvalho acaba de reunir em Contos Vagabundos. Têm diferentes proveniências, sendo que nenhum deles é inédito. A maior parte foi aparecendo mensalmente na revista (livros) de O Independente. Os restantes foram publicados em antologias e revistas. ROWLAND, Clara. “Dezassete histórias transviadas” [Em linha]. Público, [Consult. em ]. Contos: síntese da unidade ● Manual, p. 170 ● “Famílias desavindas”, Mário de Carvalho

Estrutura do conto (organização narrativa) ENQUADRAMENTO DA AÇÃO NARRADA Localização da ação no espaço. Apresentação da história e do funcionamento dos semáforos. ESCOLHA DOS SEMAFOREIROS Relato da origem do ofício de semaforeiro. Apresentação da família de semaforeiros, nas suas várias gerações. DESAVENÇAS ENTRE MÉDICOS E SEMAFOREIROS Origem do conflito entre médicos e semaforeiros. Desenvolvimento do conflito entre médicos e semaforeiros. Final do conflito entre médicos e semaforeiros. Contos: síntese da unidade ● Manual, p. 170 ● “Famílias desavindas”, Mário de Carvalho

Importância dos EPISÓDIOS e da PERIPÉCIA FINAL Dr. J. P. Bekett vs. Ramon Dr. João vs. Ximenez Dr. Paulo vs. Asdrúbal EPISÓDIOS Crescendo do ódio entre famílias Dr. Paulo e Paco PERIPÉCIA FINAL Anulação do ódio Contos: síntese da unidade ● Manual, p. 170 ● “Famílias desavindas”, Mário de Carvalho

História pessoal e história social: as duas famílias Ramon “esforçado, cheio de boa vontade” Sente-se magoado e triste com o Dr. Bekett e inicia o conflito com o médico. Dr. J. P. Bekett Médico, vindo de Coimbra com a família e com boa fama e com espírito de missão. Autor do primeiro conflito com o semaforeiro. Dr. João Médico muito modesto, filho do Dr. Bekett. Odeia o semaforeiro e intensifica o conflito. Dr. Paulo Insulta o semaforeiro (Asdrúbal). Mantém uma relação de conflito com Paco, mas, ao assistir a um acidente que magoa Paco, socorre-o, deixando de lado os antigos ódios. Solidariamente, ocupa o lugar de Paco, como semaforeiro, enquanto o primeiro se encontra hospitalizado. Ximenez Filho de Ramon. Asdrubal Insulta o médico Paulo; “entre o jovem médico Paulo e Asdrúbal quase se chegou a vias de facto”. Paco Simpático e prestável com os condutores, com quem tem uma relação personalizada. Mantém o conflito com o Dr. Paulo ao ser vítima de um acidente, é socorrido pelo Dr. Paulo. MédicosSemaforeiros Contos: síntese da unidade ● Manual, p. 170 ● “Famílias desavindas”, Mário de Carvalho

Marcadores “históricos” Dobrar do século XIX Primeira Guerra Mundial Segunda Guerra Mundial Pouco depois da Revolução de Abril Época da industrialização – o progresso estava nos novos e insólitos inventos. Corrupção associada à implantação dos semáforos no Porto. Simplificação e melhoria da máquina, concluída por inspeção camarária (retira-se a roda dianteira). Substituição do semaforeiro (época de mudança). Novo semaforeiro, novos tempos. Função na narrativa Legitimação da verosimilhança da narrativa Contos: síntese da unidade ● Manual, p. 170 ● “Famílias desavindas”, Mário de Carvalho

Dimensão irónica Conto em que se articulam dois universos logicamente incompatíveis: → o da realidade e da normalidade (verosimilhante) – que é reforçado e legitimado pelo narrador através de marcadores históricos, de topónimos e de nomes de pessoas; → o do insólito /fantástico (inverosimilhante) – que é marcado pelo carácter incomum e pitoresco das ações narradas (semáforo a pedais; escolha do primeiro semaforeiro; origem do conflito entre médicos e semaforeiros; acidente, que culmina com o médico a assumir a função de semaforeiro). Denúncia, com recurso ao humor/cómico e à ironia, de aspetos negativos extraídos do quotidiano: → censura dos ódios entre famílias sem motivo; → vícios sociais como o suborno, a burocracia excessiva, a incompetência profissional (cf. descrição caricatural dos médicos e da própria função de semaforeiro). O insólito com aparência de real (fantástico que se introduz no quotidiano recriado) O cómico extraído do quotidiano Voltar Contos: síntese da unidade ● Manual, p. 170 ● “Famílias desavindas”, Mário de Carvalho

Linguagem, estilo e estrutura Linguagem, estilo e estrutura Contos: síntese da unidade ● Manual, p. 170 ● Linguagem, estilo e estrutura

CONTO Concentração de eventos Linearidade de ação Sem ações secundárias Ação Número reduzido/limitado Personagens Concentração de espaço Concentração de tempo Espaço Tempo Género da tradição literária que recorre ao modo narrativo e em que se representa um universo ficcional. Define-se por oposição ao género romance, tendendo a apresentar as seguintes características: narrativa pouco extensa, ação simples/linear, concentração de eventos, reduzido elenco de personagens, esquema temporal restrito, unidade de técnica e de tom. Contos: síntese da unidade ● Manual, p. 170 ● Linguagem, estilo e estrutura

Reproduz-se o discurso original tal como ele foi dito pelo emissor; na escrita, introduz-se por travessão ou delimita-se por travessões ou aspas. Discurso direto Reproduz-se o discurso num novo discurso, com algumas transformações, por meio da subordinação. Discurso indireto Ex.: – Parece-me que às vezes fazes isso, enfim, toda essa desertificação, com esforço, com sofrimento – disse- lhe um dia o seu amor de então. – Talvez – respondeu –, talvez. Mas prefiro não pensar no caso. “George”, Maria Judite de Carvalho Ex.: E estava horas nisto, até o doente adormecer. Colegas maliciosos sustentavam que ele praticava a terapia do sono. “Famílias desavindas”, Mário de Carvalho DISCURSO DIRETO E INDIRETO Contos: síntese da unidade ● Manual, p. 170 ● Linguagem, estilo e estrutura

Calor e também aquela aragem macia e como que redonda, de forno aberto, que talvez venha do sul ou de qualquer outro ponto cardeal ou colateral, perdeu a bússola não sabe onde nem quando, perdeu tanta coisa sem ser a bússola. Perdeu ou largou? Alguns recursos expressivos - “George”, Maria Judite de Carvalho Interrogação retórica, que sugere as consequências das decisões passadas. Mas, tal como essas pessoas, tem, vai ter, uma voz muito real e viva, uma voz que a cal e as pás de terra, e a pedra e o tempo, e ainda a distância e a confusão da vida de George, não prejudicaram. Enumeração e metáfora, que realçam a passagem inexorável do tempo e a complexidade da natureza humana. Fez loiros os cabelos, de todos os loiros, um dia ruivos por cansaço de si, mais tarde castanhos, loiros de novo, esverdeados Uso expressivo do adjetivo e repetição, que acentuam as metamorfoses da figura feminina. Contos: síntese da unidade ● Manual, p. 170 ● Linguagem, estilo e estrutura

Queria estar sempre pronta para partir sem que os objetos a envolvessem, a segurassem, a obrigassem a demorar-se mais um dia que fosse. Disponível, pensava. Senhora de si. Para partir, para chegar. Mesmo para estar onde estava. Antítese e anáfora, que realçam o desenraizamento afetivo. – Ninguém ouve ninguém, não sabes? Que aprendeste com a vida, mulher? A sua voz está mole, pegajosa, difícil, as palavras perdem o fim, desinteressadas de si próprias, é como se se preparassem para o sono. Sinestesia e uso expressivo do adjetivo, que marcam o desinteresse em prosseguir o diálogo. Voltar Contos: síntese da unidade ● Manual, p. 170 ● Linguagem, estilo e estrutura Alguns recursos expressivos - “George”, Maria Judite de Carvalho

O sistema é simples e, pode dizer-se com propriedade, luminoso. Um homem pedala numa bicicleta erguida a dez centímetros do chão por suportes de ferro. A corrente faz girar um imã dentro de uma bobina. A energia gerada vai acender as luzes de um semáforo, comutadas pelo ciclista. Enumeração, que elenca, em tom jocoso, as características do dispositivo e do seu funcionamento. A autoridade gostou do projeto e das garrafas de Bordéus que o jovem engenheiro oferecia. Ironia, que remete comicamente para a corrupção existente para implantação do novo engenho. Faltam razões para flanar por esta rua, banal e comprida, a não ser a curiosidade por um insólito dispositivo […]. Uso expressivo do adjetivo, que realça o contraste entre a simplicidade da rua o “insólito dispositivo aí colocado”. Alguns recursos expressivos - “Famílias desavindas”, Mário de Carvalho Contos: síntese da unidade ● Manual, p. 170 ● Linguagem, estilo e estrutura

Maria Judite de Carvalho, “George” As três idades da vida. O diálogo entre realidade, memória e imaginação. Metamorfoses da figura feminina. A complexidade da natureza humana. Mário de Carvalho, “Famílias desavindas” História pessoal e história social: as duas famílias. Valor simbólico dos marcos históricos referidos. A dimensão irónica do conto. A importância dos episódios e da peripécia final. Linguagem, estilo e estrutura O conto: unidade de ação; brevidade narrativa; concentração de tempo e espaço; número limitado de personagens. A estrutura da obra. Discurso direto e indireto. Recursos expressivos. Contos: síntese da unidade ● Manual, p. 170 ● Em síntese